Projeto Amamentar - Luisa
Luisa e David
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Eu sonhava em amamentar. Sonhava com o momento lindo em que eu seria nutriz.
Hoje, depois de mais de um ano amamentando, posso dizer que o começo não foi fácil. Não foi intuitivo. Não foi instintivo. Não foi simplesmente encaixar o neném no peito com a boca em forma de peixinho. Não foi fácil. E hoje eu sei que eu não estava bem informada. Não tinha pesquisado o suficiente. Não tinha dedicado tempo da minha gravidez parar buscar informações e entender como era o processo. Nem sabia o que esperar da apojadura.
Felizmente, pra mim e pro David, eu tinha contratado uma consultora de amamentação que faria uma visita em casa no pós parto.
Um belo dia, quando o leite desceu (num domingo a tarde e David tinha nascido na quinta-feira) e os meus peitos empedraram, foi a ela que eu recorri. Letícia veio em casa no dia seguinte, na segunda-feira, e até hoje eu estou confiante de que eu só amamentei porque tive a oportunidade de contar com ajuda profissional especializada.
Não quero nem entrar no mérito de todos os benefícios da amamentação que vão muito além de nutrir os bebês, criar um vínculo delicioso, contribuir pro desenvolvimento orofacial.
Quero falar que existem recursos, que ajudam a mãe que deseja amamentar. E que se eu tivesse que priorizar um gasto com enxoval, com certeza seria contratar ajuda especializada.
E se você ainda está grávida, busque informação. Por mais que amamentar seja o curso mais natural possível, a gente tem que aprender. E o neném tem que aprender. E pra que amamentar seja possível, a mulher precisa ter uma rede de apoio. Especialmente no começo. Até a amamentação engrenar.
Que felizes os casos que engrenam de primeira, sem esforço nenhum. Não foi o meu caso. Eu lutei pela amamentação. Era importante pra mim. Meus peitos empedravam. Eu tinha que desmanchar os nós. Doía muito. Eu sentava num banquinho no banheiro e enquanto eu massageava um peito, a minha mãe massageava o outro. Escorriam lágrimas dos olhos, ranho do nariz e leite dos peitos.
Eu tinha que amaciar as mamas todas as vezes antes de oferecer o peito pro David, pra que ele conseguisse encaixar a boquinha dele e mamar. Era exaustivo, doloroso e demandava. Mas eu queria muito poder amamentar. Um belo dia, numa sexta-feira as 6 da manhã, eu fui dar de mama e senti que não precisaria fazer o ritual.
Coloquei ele no peito, ele encaixou e conseguiu mamar. Eu choro de emoção só de me lembrar desse momento. Nesse dia começou nossa lua de leite. Depois eu comecei a sentir umas fisgadas quando ele pegava o peito esquerdo. Era uma dor tão intensa, que eu apertava a mandíbula quando chegava o momento dele mamar aquele peito. Até hoje não sei porque eu sentia essa dor. Mas um belo dia, passou. E nunca mais senti dor. Nunca mais senti nenhum incômodo. E o certo é que seja assim.
E existem vários recursos para que não seja doloroso. Existe um laser para curar ferimentos e acelerar cicatrização. Existe acessoria especializada para acertar a pega. Existe rede de apoio. Existem bancos de leite que podem ajudar com todas essas questões. A mãe não precisa deixar de amamentar porque machuca e ela não precisa achar que amamentar sentindo dor é normal. Não é normal. É cansativo. Amamentar é uma doação sem medida.
Eu sou imensamente grata pelo privilégio de poder amamentar Bebê David. E nos meus planos, seguiremos assim, até quando funcionar pra gente. Queria aproveitar para ressaltar a existência e a importância de ajuda especializada. De profissionais da área que realmente dominam o assunto. E que todas as mães que desejam amamentar possam realizar esse sonho delicioso. Cansativo. Mas delicioso.
Texto:Luisa Zuffo
Instagram: @luisazuffo
Modelos: Luisa Zuffo e David