Projeto Amamentar - Laiane
Laiane, Lis, Ana Flávia, Heitor e Miguel
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Quatro filhos e quatro histórias diferentes. Nunca passou pela cabeça não amamentar. Achava que era um processo natural e instintivo. De certa forma, ainda penso um pouco assim. Pelo menos quando não se passa por dificuldades. Com a primeira filha, Ana Flávia, só foi difícil no início. Tive fissura nos dois seios e muito leite. Na época tinha zero orientação e segui amamentando até a dor passar e o processo seguiu leve. Com o segundo, Heitor, foi tudo muito tranquilo. Já tinha alguma experiência e a amamentação fluiu tão bem que passei a doar, tamanha era minha produção. Com o terceiro, Miguel, eu achava que seria ainda mais fácil, mas não foi. A dor causada pelas fissuras eram quase insuportáveis e o excesso de leite era difícil de ordenhar com as mamas sempre cheias e endurecidas. Nesse contexto, o banco de leite surgiu como salvação. O carinho, atenção e credibilidade de que meu corpo estava produzindo o melhor alimento pro meu filho, eram sempre exaltadas a cada encontro. Nessa nova jornada, duvidei várias vezes do meu corpo. Achava que não estava produzindo leite suficiente para meu bebê, mesmo ele crescendo e ganhando peso super bem e ainda doando leite. Aos sete meses do terceiro filho, engravidei novamente (SIM!!! Foi planejado e desejado!!!). A sensibilidade nos seios sempre foi um dos primeiros sintomas nas minhas gestações. Mas dessa vez eu tinha uma equipe atualizada, informada e humanizada. Segui com a lactogestação enquanto consegui. Miguel mamou até 1 ano e 2 meses e Lis nasceu 2 meses depois do seu desmame “natural”. O nascimento da Lis foi o renascimento de uma mãe bem diferente. Depois de ter passado por 3 cesarianas desnecessárias, a decisão era ter um parto natural. Foi uma preparação intensa. Um caminho cheio de amor, carinho e atenção. E sim! Consegui meu tão sonhado parto natural! Felicidade era meu nome. Amamentar era a maior alegria da minha vida! Lis era um bebê super tranquilo. Aos 20 dias já dormia a noite inteira. O sonho de toda mãe, mas me causava estranheza, pois queria e achava que ela precisava mamar mais. Até os 2 meses ela seguiu ganhando peso acima do esperado, mesmo demandando tão pouco até durante o dia. Eu já não sentia as mamas enchendo e mesmo sabendo da regulação da demanda, achava que era muito cedo. A partir do terceiro mês ela começou perder peso e começou também nossa investigação até chegar ao diagnóstico de APLV (alergia a proteína do leite de vaca). Nesse processo, fomos acompanhadas semanalmente pela pediatra do banco de leite. Até que chegou o momento que eu mais temia: a fórmula! Esse dia chorei muito! Tentei que isso não acontecesse, mas houve a necessidade. Como era difícil aceitar que minha produção que sempre foi excelente, era agora insuficiente para atender a demanda do meu bebê. Aquilo doía (e ainda dói)! Só não resisti porque estava muito bem assistida e sabia que era o melhor para Lis. Hoje ela está com quase 8 meses e sigo com aleitamento misto. Enfim, seguindo a dieta correta, ela parou de perder peso e segue muito bem. Os meus 3 outros filhos usaram fórmula e bicos artificiais. Nada disso me causou sofrimento pois era o conhecimento ( ou a falta de conhecimento) que eu tinha na época. Não está sendo fácil! No início da translactação tivemos confusão de fluxo, mordidas, muitas mordidas. Quantas vezes chorei e ainda choro! Muitas vezes amamento com o irmão chorando ao lado porque também quer colo. Apesar disso, não vou desistir de seguir proporcionando o melhor alimento que minha filha poderia ter. Não deixo mais de acreditar no potencial do meu corpo, que foi capaz de gerar e produzir leite para esses quatro filhos. E embora a sociedade não esteja preparada pra apoiar e acolher as necessidades de uma mãe que escolhe amamentar, sigo resistente. Porque no final, o que realmente importa é ver minha filha crescendo feliz e saudável.
Texto: Laiane
Modelos: Laiane, Lis, Ana Flávia, Heitor e Miguel